segunda-feira, 12 de março de 2012

Vade Retro Ricardo Teixeira


Por: Almir Moreira – Advogado
Ricardo Teixeira caiu, deixou a presidência da CBF, foram mais de 20 anos no Poder. É verdade, por conta do arcaísmo da legislação que o manteve por tantos anos no mando da Confederação, conseguiu deixar na presidência gente de seu time. Trocaram seis por meia dúzia, contudo, ainda assim ele caiu e isso nestes tempos de fúria democrática é provável uma onda de mudança embalada por setores modernos da mídia e por dirigentes de visão dos clubes, como o presidente do Santos, por exemplo. Por isso, merece comemoração este momento. Mas merece também reflexão.
Tudo isso, senhores, é resultado  de um longo período de um regime político de exceção. É ainda resíduo ou entulho autoritário da cultura política da ditatura militar. Faz parte da estrutura montada nos anos de chumbo, embora carcomida pelo tempo de democracia resistia, assim como tudo nesta vida o velho está sempre presente no novo na espera do grande salto de transformação para superá-lo. Não nos iludamos, as marcas do antigo, do arcaico permeiam o presente se não relutam em voltar se camuflam para o engodo, se renovam. A grande sacada dos que pensam no avanço é aprofundarem as conquistas do presente é saber conviver com esse passado sangrando-o em suas próprias contradições. Exemplo: a liberdade de imprensa, conquista social, suscita as contradições de quem pretende o atraso. Foi a revista Piauí quem deu o ponta pé inicial para a queda de Teixeira, foi um instrumento da democracia, marco desta era, o responsável pela sangria do pensamento atrasado.
E muito mais, a estrutura arcaica da CBF intacta sob a égide da democracia, expressa a cultura das capitanias hereditárias, símbolo jurídico de nossa formação histórica, política e cultural. As transformações não podem ser pensadas dissociadas da evolução, se ambas não caminham lado a lado, pelo menos andam no mesmo caminho. Só o tempo as revela. Sob a moderna democracia brasileira, ainda nos deparamos com resquícios de coronelismo, superáveis à medida do aprofundamento desta mesma democracia, na sabedoria do convivo das forças antagônicas, pensamento totalitário com pensamento democrático, por isso as alianças na política partidária eleitoral se impõem, por isso o fortalecimento do Legislativo e o atiçamento da imprensa é tarefa de primeira hora. Sabem por que tudo isso, amigos? Porque o velho não resiste ao novo. O Brasil autoritário aos poucos vai se curvando ao Brasil democrático, o Brasil autoritário é como remédio, por exemplo, tem prazo de validade, e este prazo e esta validade estão se exaurindo.
A imprensa, a pressão indireta do Governo Dilma e a democracia desestabilizaram o “feudo” Teixeira, façamos justiça o governo Petista atuou com firmeza para destroná-lo, vate retro pensamento medieval.

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